A importância da caça na Tapada remonta à sua fundação em 1747.
Pelo facto de ser uma área florestal de fortes potencialidades cinegéticas, a realeza encontrou neste espaço um local especialmente vocacionado para a caça e o lazer, conferindo-lhe um cunho próprio de nobreza que ainda hoje é preservado e continuado.
A prática da caça está ligada à natureza humana desde os tempos pré-históricos, evoluindo de uma actividade indispensável à sobrevivência humana, ou de complementaridade alimentar, para uma actividade de recreio e lazer associada ao gosto do contacto com a natureza e à gestão das espécies animais.
Sendo hoje uma actividade de significativa importância económica e socialmente popularizada, tempos houve em que estava reservada às classes sociais privilegiadas – aristocracia e realeza, que dispunham de extensas áreas de tapadas e coutos de caça para seu uso exclusivo.
A caça assumia então um simbolismo de poder, por um lado, e de lazer por outro, constituindo essa prática de vencer animais, fisicamente mais poderosos, uma forma de preparação física para as contendas militares.
Na época de D. João V, monarca que construiu o Convento e criou a Tapada de Mafra, deu-se um grande incremento no fabrico nacional de armas de fogo e armas de caça, que teve continuidade no reinado do seu filho D. José I.
À medida que as armas de caça se tornavam distintas das armas de guerra, tornaram-se objectos de ostentação, espelhando o poder económico e o gosto do seu possuidor.
Mafra, pela sua proximidade à Corte em Lisboa, constituiu, a par de Salvaterra de Magos, área privilegiada de caça dos reis e rainhas da Casa de Bragança, nomeadamente D. João V e D. José I, assim como D. Maria I e D. João VI, D. Pedro II, D. Fernando, D. Luís e D Carlos.
A tradição era caçar de batida ou de montaria, com o tiro feito a curtas distâncias sobre a caça em movimento.