
O coelho-ibérico conhecido também por coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) está classificada como uma espécie Vulnerável (Vu) em Portugal.
A atribuição da categoria baseou-se na redução do número de indivíduos.
Estima-se que o declínio populacional foi superior a 50 %, não tendo cessado as causas que estão na sua origem.
O coelho-bravo, é uma espécie-chave e um modelador nos ecossistemas ibéricos, sendo a presa principal de muitos predadores.
Na Tapada Nacional de Mafra, o coelho bravo é a base da alimentação de espécies como; raposas, toirão, águias-de-asa-redonda, águia-de-Bonelli, do açor e até dos javalis.
Ameaças
A principal causa de regressão do coelho-ibérico e da lebre-ibérica que estão agora classificadas com o estatuto mais ameaçado na última edição do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, são as doenças virais.
A nova variante do vírus da febre hemorrágica (RHD2) que afeta o coelho-ibérico desde o início da segunda década do presente século (Monterroso et al. 2016); e a mixomatose, na lebre, cujos primeiros surtos foram detetados na Península Ibérica em 2018 (Garcia-Bocanegra et al. 2019).
Contudo, a perda e degradação do habitat devido à intensificação e abandono agrícola, sobrepastoreio e instalação de florestas de produção, bem como a mortalidade excessiva por caça e atropelamento, estarão igualmente a contribuir para o declínio de ambas as espécies. (Villafuerte & Delibes-Mateos 2019, Duarte et al. 2021a, 2021b).
Ecologia
Ocorre numa grande variedade de habitats: bosques mediterrânicos, matos temperados, pastagens naturais e artificiais e terrenos agrícolas. Contudo, o habitat preferencial são as áreas mistas, em mosaico, onde o abrigo alterna com zonas de alimentação e zonas de refúgio com matos (Schai-Braun & Hacklander 2016).
É uma espécie-chave e um modelador nos ecossistemas ibéricos, sendo a presa principal de muitos predadores, incluindo espécies ameaçadas como o lince-ibérico ou a águia-imperial-ibérica. (Delibes & Hiraldo 1981, Monterroso et al. 2016).
É gregário e polígamo, formando grupos sociais compostos por um macho, várias fêmeas adultas e a sua descendência (Schai-Braun & Hacklander 2016).
Na Península Ibérica, reproduz-se do outono ao final da primavera, com pausa reprodutiva entre julho e setembro (Gonçalves et al. 2022). A maturidade é atingida entre os 3 e os 6 meses de idade (Delibes-Mateos et al. in press).
Medidas de conservação
Os principais esforços deverão dirigir-se para minimizar o impacto das doenças, principal responsável no seu declínio, e a promover habitats em mosaico, proporcionando zonas de alimento e de refúgio.