A caça assume um papel importante no cumprimento integral dos objetivos da cooperativa, na promoção da investigação e na preservação da fauna e da flora.

A Caça e a História

A importância da caça na Tapada remonta à sua fundação em 1747.


Pelo facto de ser uma área florestal de fortes potencialidades cinegéticas, a realeza encontrou neste espaço um local especialmente vocacionado para a caça e para o lazer, conferindo-lhe um cunho próprio que ainda hoje é preservado e continuado.

A prática da caça está ligada à natureza humana desde os tempos pré-históricos, tendo evoluído de uma atividade indispensável à sobrevivência, ou de complementaridade alimentar, para aquela hoje associada ao contacto com a natureza e à gestão dos territórios e das espécies animais.
A Caça esteve durante muitos séculos ligada à simbologia de poder, constituindo a perseguição e o combate com animais fisicamente poderosos uma prática e uma forma de preparação para as contendas militares.


Na época de D. João V, monarca que construiu o Convento e criou a Tapada de Mafra, deu-se um grande incremento no fabrico nacional de armas de fogo e armas de caça, que teve continuidade no reinado do seu filho D. José I.


Mafra, pela sua proximidade à Corte em Lisboa, constituiu, a par de Salvaterra de Magos, área privilegiada de caça dos reis e rainhas da Casa de Bragança — nomeadamente D. João V e D. José I – mas também D. Maria I e D. João VI, D. Pedro II, D. Fernando, D. Luís e D. Carlos.


D. Carlos foi considerado um grande caçador, não tanto pelo número de animais abatidos ou pelo tempo dedicado à caça, mas sobretudo pela atitude nobre como caçava e pela forma como integrava a caça noutros saberes e outros saberes na caça.


Sobressaiu também no meio cultural da época como um notável pintor, transpondo magistralmente para a tela as emoções colhidas em todos os contactos que mantinha com os campos e com os mares.
D. Carlos foi um frequentador assíduo e entusiasta da Tapada de Mafra – gosto partilhado pela sua mulher, a Rainha D. Amélia – tendo ficado para a história da Tapada como a sua figura mais emblemática.

O presente - Zona de Caça Nacional

A Tapada de Mafra, formalmente designada “Centro turístico, cinegético e de educação ambiental – Cooperativa de interesse público de responsabilidade limitada”, é uma das sete Zonas de Caça Nacionais existentes em Portugal.

Pela sua localização geográfica e pela sua missão, deve manter no seu espaço o maior número de espécies cinegéticas e não cinegéticas que representem a realidade do nosso País rural. Através da visitação, jovens e menos jovens, ligados a um país mais urbano, podem observar espécies em estado semi-selvagem.

A caça assume um papel importante no cumprimento integral dos objetivos da cooperativa, na promoção da investigação e na conservação da fauna e da flora.

Tendo em conta de que a Tapada Nacional de Mafra é uma área murada, a caça no seu interior é atualmente uma atividade essencial para o controlo das populações existentes de gamos, veados e javalis, promovendo a conservação do ecossistema e o equilíbrio entre essas diferentes espécies. O predador de topo existente é a raposa, não havendo no ecossistema outro predador natural capaz de controlar as populações de gamos, veados e javalis.

Essas três espécies – as duas primeiras herbívoras e a terceira omnívora – têm um impacto significativo no solo e na flora. Além disso, há uma intensa competição entre elas pelo território e pelos mesmos recursos alimentares.

Essa dinâmica é claramente evidenciada em estudos populacionais de gamos e veados, revelando que a população de veados tende a diminuir sempre que houver um aumento considerável da população de gamos.

Outro aspeto que põe em evidência a importância do controlo dos efetivos da população de javalis é o facto de, em períodos de maior escassez de alimento durante o verão, esses animais alterarem o seu comportamento, podendo predar gamos, em particular fêmeas e crias.

Além disso, é sobejamente conhecido o facto de os javalis terem uma taxa de reprodução bastante elevada, aumentando exponencialmente a população em muito pouco tempo.

O ato de caça permite ainda proporcionar a institutos e faculdades o conhecimento científico destas espécies, das suas doenças e dos seus parasitas.

Todo o processo administrativo relacionado com a Caça é público e transparente.

Inicia-se com o estudo das populações para se detetar se nelas existe um excesso. Caso exista, e haja necessidade de controlo, o respetivo pedido de autorização é solicitado ao ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas).

O ICNF emite um edital mencionando os atos venatórios permitidos e o respetivo número de animais envolvidos nesse ano, além de disponibilizar um selo de marcação de animais de caça maior por cada animal autorizado.

Existe todo um trabalho de bastidores prévio no campo para verificar quais os animais a selecionar tendo em conta as características que apresentam, em particular as relacionadas com a idade, o tamanho e as doenças e deformações evidentes.
Um animal “seletivo” é aquele que, em condições de seleção natural, seria “escolhido” pelos predadores devido à sua fraqueza física ou a qualquer deformação, ou doença.

Na natureza, esses animais são rejeitados pelos outros membros do grupo, o que lhes dificulta o acesso a recursos essenciais como os comedouros.
Essas espécies geralmente vivem em grupos — “manadas” no caso de gamos e veados, ou “varas” no caso dos javalis — normalmente compostas por juvenis e fêmeas com crias. A pressão exercida pelo grupo sobre o indivíduo mais fraco pode tornar-se bastante agressiva, impactando significativamente na sua capacidade de sobrevivência.

A seleção dos caçadores inscritos é aleatória e feita por sorteio público.

Todos os atos cinegéticos são acompanhados por um ou mais guias de caça, dependendo do número de caçadores em cada dia.

Todo os atos decorrem com o maior respeito pelos animais, e com a clara noção da respetiva importância para a manutenção do equilíbrio do ecossistema.

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