A Tapada Nacional de Mafra no projeto LxAquila, o que é este projeto e quem envolve.
Desde sempre que a Tapada Nacional de Mafra é um laboratório vivo, um local onde se produz conhecimento, ciência.
Já nos anos 70 e 80 a DGF (Direção Geral das Florestas) usava as instalações para diferentes pesquisas relacionadas com a floresta. No presente, diferentes Universidades, investigadores e institutos aproveitam as potencialidades deste espaço para estudar e aprender sobre diferentes aspetos das ciências naturais.
Entre o final do ano passado e até ao presente, têm sido tempos particularmente interessantes no que respeita ao estudo da águia de Bonelli. Esta é a terceira maior espécie de águia existente no nosso país e tem o estatuto de espécie em perigo (EN) segundo a classificação do IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).
Através do projeto LIFE LxAquila, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o projeto é financiado pelo programa LIFE da União Europeia e tem 13 parceiros institucionais, foi possível a colocação de uma câmara no nosso ninho e a monitorização por GPS na cria.
O que já aprendemos?
A câmara no ninho trouxe-nos à luz muito detalhe e conhecimento nomeadamente:
– A tarefa de incubação cabe aos 2 progenitores, mas as noites eram da fêmea.
-É o macho que caça durante a incubação e até às primeiras semanas de vida das crias, uma vez que a fêmea passa quase todo o tempo no ninho e só sai para se alimentar do que o macho lhe traz.
-Com o desenvolvimento da plumagem, as crias começam a poder ficar sozinhas e a fêmea também começa a caçar mais com o macho; caça cooperativa, sendo este, um dos aspetos fortes deste casal.
-Foi a fêmea que alimentou maioritariamente a cria ao longo de todo o período de desenvolvimento, mas notou-se que o macho já alimentava mais vezes quando a cria já estava mais desenvolvida.
– O casal de águias de Bonelli na Tapada que é um casal já maduro, caçam muito bem em conjunto, permitindo sucesso em diversos tipos de presas; coelho, perdiz, pombo e até gaivotas.
– Não sabemos se é comum colocarem dois ovos para aumentar a taxa de sucesso. Como terá acontecido nos anos que tivemos 2 crias?? ainda temos tanto para aprender.
Outros projetos envolvidos e relacionados
-Proteger as espécies significa proteger o seu habitat, as suas presas e para isso temos de conhecer para onde voam e o que caçam. Claro que todos já sabíamos, que o habitar ao redor do ninho deve ser mantido nomeadamente a sua tranquilidade, evitar maquinarias nas épocas mais sensíveis de forma que os indivíduos sintam segurança, mas não chega!
Fica a questão de sempre: Para onde vão os juvenis quando deixam os territórios dos progenitores?
A preservação de espaços como o estuário do tejo onde as jovens águias encontram presas “fáceis” ou em maior número como as aves aquáticas, são espaços a zelar.
Todas as espécies desse ecossistema importam; desde a rã que é predada pela cegonha, às garças que são predadas pelas águias!
Sabia que:
-O coelho-bravo é uma espécie “quase ameaçada” (NT) na Europa de acordo com a IUCN, devido às doenças que o têm atingido?
-Há estudos para contagem de coelhos e perdizes e que algumas entidades criaram parques de reprodução de coelho-bravo selvagem para aumentar a sua abundância nos territórios das águias?
-Os coelhos devem ser testados geneticamente para garantir que se trata da nossa subespécie (algirus) e que é importante terem um elevado número de anticorpos para resistirem melhor aos surtos de doenças?
Preservar uma espécie de topo e com territórios tão grandes (entre 10 a 20 mil hectares) como a águia de Bonelli, significa preservar as presas, estudar e capacitar entidades de uma vasta região e áreas tão diferentes como a área de Mafra ou das lezírias.
Cruzar conhecimentos e estimular parcerias entre instituições -A outra face do projeto.
Este projeto reúne empresas como a E-redes que promove a segurança das redes elétricas para evitar que as aves sejam eletrocutadas e equipas especializadas da GNR que todos os dias treinam os seus cães, com capacidades excecionais, para encontrar venenos e armadilhas para as aves e outros carnívoros. Diferentes câmaras municipais cada uma com uma área natural, que procura sensibilizar a população e adequar atitudes.
Só juntos e com a população que vive nestes redutos de vida selvagem podemos preservar!
Seja embaixador desta causa.
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